locais inusitados, bizarros e imperdíveis na cidade de São Paulo
Cemitério da Consolação
Paulistanos não têm o hábito de aproveitar os cemitérios como parques e áreas abertas, como nossos vizinhos porteños ou os parisienses o fazem. Mas o cemitério da consolação é realmente sensacional pela diversidade de obras que ali repousam.
São mais de 300 esculturas e mausoléus. No cemitério estão sepultados Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Militão Augusto de Azevedo, a família Matarazzo, a Marquesa de Santos, Monteiro Lobato e tantos outros personagens da história de São Paulo!
Caminhe pelas ruas e alamedas, sem medo. Curta os ipês amarelos, as quaresmeiras e figueiras, pitangueiras do cemitério. É lindo de morrer, quer dizer, de viver. De viver, por enquanto!
No meio de tantos atrativos, meu preferido é a Pietà, uma escultura impressionante de granito feita em 1923 pelo Victor Brecheret, nosso grande escultor modernista. Fica na Rua 35, terreno 1.
E pra quem ficou com vontade de conhecer, mas ainda acha muito tétrico transformar um cemitério em parque, a Prefeitura organiza visitas monitoradas todas as terças e sextas às 9h e às 14h. O guia é o Zé do Caixão.
Bem que poderia ser, né?
Bem que poderia ser, né?
Serviço: Rua da Consolação, 1660
Centro Cultural de São Paulo
Quem nunca tirou uma tarde de folga no Centro Cultural São Paulo, na Vergueiro, não sabe o que está perdendo!
Recomendamos caminhar descompromissadamente na área interna e depois parar pra ler um livro no telhado verde: uma verdadeira praça pública com bancos, gramados, plantas e até uma horta!
É muito comum cruzar com vários grupos de rodas de dança, jovens ensaiando passos de R&B e de street dance. Interessante ver como eles usam as vidraças como espelho, pra treinar os passos. Os mais agilizados têm até instrutor de dança.
Para quem se cansa rápido das músicas da Britney Spears, indicamos descer para conhecer a discoteca Oneyda Alvarenga, uma linda coleção de discos de 78 e 33 rotações. Uma verdadeira perdição para os amantes dos discos antigos...
Concluindo, aproveite o Centro Cultural e seus ambientes e depois pegue um livro para curtir o sol do final da tarde no telhado.
Serviço: Rua Vergueiro, 1000. De terça a sexta, das 10h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Edifício Martinelli
Ele foi o nosso Empire State Building, o maior arranha-céu do Brasil e da América Latina. Era para ter vinte andares e terminou com trinta!
Não, não é o Edifício Itália, tampouco o Edifício Altino Arantes, o Banespa. Estamos falando do Edifício Martinelli, uma agradável loucura do empresário italiano e megalomaníaco Giuseppe Martinelli, que começou sua construção em 1924 e terminou em 1929.
O Martinelli tem fachada neo-clássica e elementos art-déco, arabescos, espelhos na parte interna, elevadores suíços e uma das coberturas mais incríveis já feitas em São Paulo. Já foi hotel de luxo, já abrigou uma famosa boate, teve prostíbulos, cortiços, já pertenceu à família Martinelli, ao governo italiano e agora é um equipamento público municipal. Já foi capa de revistas da alta sociedade e do Notícias Populares, com direito a mistérios e assassinatos nunca solucionados. Enfim, uma zona que é também a cara de São Paulo.
A visitação à cobertura do Martinelli é aberta ao público e a entrada pela Avenida São João, quase esquina com a São Bento. Acesso somente à pé ou de bicicleta! O metrô mais próximo: Estação São Bento.
Serviço: Av. São João, 11. Visitação de segunda a sexta, das 9h30 às 11h e das 14h às 16h. Sábados, das 9h às 15h e domingo, das 9h às 13h.
A cripta da catedral da Sé
Para além do marco zero, na Praça da Sé, e da própria catedral, debaixo dos pezinhos de milhares de visitantes existe a cripta da catedral. Sabiam dessa?
Piso todo de mármore de Carrara, arcos de tijolo no teto, a cripta é uma espécie de capelinha de 600 metros quadrados que fica embaixo do altar principal da capela.
Lá existem 30 câmaras mortuárias, incluindo 15 corpos de bispos e o túmulo do cacique Tibiriçá, o Formigão da Terra. Quem aqui lembra um pouquinho das aulas de história na escola? O cacique Tibiriçá foi o primeiro índio catequizado pelo Padre José de Anchieta e teve papel decisivo na fundação da cidade de São Paulo. Uma história com particularidades que nem é tanto motivo de orgulho. Mas, enfim, é a nossa história, não é mesmo?
Voltando à cripta da catedral, essa é uma visita imperdível. Só se acessa a pé. Ah, não posso entrar de carro na cripta? Nãããão. Pra quem vem de bicicleta, tem o bicicletário do metrô Sé. As visitas à cripta acontecem de terça a domingo.
Serviço: Praça da Sé, s/n. De segunda a domingo, das 9h às 17h.
Marsilac e a vista para o mar
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
é ela menina que vem e que passa,
num doce balanço a caminho do mar".
é ela menina que vem e que passa,
num doce balanço a caminho do mar".
A Garota de Ipanema agora é Garota de Parelheiros. Ela também está a caminho do mar, só que do Marsilac até Itanhaém.
Dali do Marsilac, distrito do extremo sul da cidade, é possível ver o mar. Sim, da cidade de São Paulo é possível ver o mar!
Do Marsilac até o mar, em linha reta, dá 10km. Até o centro de SP, em linha reta, dá 40km. Para vocês verem quão enorme e diversa é a nossa cidade!
Pra quem gosta de terra e lama há uma trilha que vai do Marsilac a Itanhaém pelo meio da Serra do Mar. Ela é pouco recomendada pela dificuldade e complexidade dos caminhos, mas continua sendo um belo desafio para mochileiros.
Pra quem só quer curtir o dia caminhando há dezenas de trilhas, cachoeiras, nascentes, pousadas ecológicas pra quem quiser esticar o final de semana e até uma cratera de meteorito de 35 milhões de anos.
A região é protegida pelas áreas de proteção ambiental Capivari-Monos e Bororé-Colônia e é um verdadeiro oasis de mata atlântica nativa na cidade
Os engraxates do centro
Em São Paulo anda-se muito. E anda-se depressa. E se o seu automóvel também é o seu pé, por que não cuidar dele com uma bela engraxada no sapato?
Eles são ótimos contadores de histórias. Alguns até arriscam seu próprio espetáculo de comédia. Tudo isto nos 15 minutos em que o cliente está ali, sentado, aguardando sapato voltar a ter brilho.
A tradição do engraxate existe desde o comecinho do Século XIX. Em São Paulo, ela acompanha o crescimento da cidade desde sempre. Nas estações de bonde e de trem, nas praças e nos calçadões do centro, pelas mãos e pelos paninhos dos engraxates passaram os pés de muitos daqueles que fizeram a história da nossa cidade.
Nos tempos do sapatênis, crocs, das "rasteirinhas" e do tênis de corrida, a profissão do engraxate parece que vai desaparecendo aos poucos.
Por que não retomar o hábito de parar por 15 minutos a caminhada insana, na Sé, na Praça Antonio Prado ou na Praça da República, e sair feliz dali com os sapatos bem cuidados e com a história preservada desta atividade tão bonita?
edição fotografica e comentarios do post e de HUFFPOST BRASIL